sexta-feira, 9 de março de 2012

A chegada do Profeta




         Era meados de março, a floresta rompia o silêncio, a cidade de Bomconcity e a região, não mais seriam as mesmas com a chegada de uma figura de biótipo estranhíssimo ao cotidiano dos seus dias, um homem de estatura mediana, cabelos longos e grisalhos e uma longa barba também grisalha, no semblante marcado pelo tempo, um olhar distante e profundo de quem certamente enxergava o futuro ou pelo menos tentava, suas vestes? Uma túnica branca amarrada pela cintura com um barbante de agave, nos pés calejados pelas andanças , sandálias de couro cru, na mão direita um cajado, com a efígie de um faraó, esculpido em  ébano, herança dos seus ancestrais que viveram na antiga Babilônia. Foi nas cavernas do bulandinho que resolvêra se refugiar,ali iria dividir com os morcêgos , cobras e lagartos para fazer um longo período de reflexão e analisar o porquê de sua ultima previsão sobre ,catástrofes, guerras, pestes e final de mundo  não ter acontecido, será que o seu calendário estava adiantado? Só o tempo iria dizer. O pau do urubu,um  local onde um grupo de formadores de opinião se reuniam todas as noites para traçarem os destinos da humanidade com assuntos que iam das eleições presidências nos Estados Unidos ,até o chifre que alguém poderia estar levando na pacata cidade.As  reuniões tinham hora pra começar, porém o horário pra terminar era outro desafio, pois cada um que tivesse dificuldade em  deixar  primeiro, o local, com medo das línguas afiadas, então geralmente quando um dizia: “boa noite minha gente , o sono chegou e eu tô indo”, era o suficiênte para se dissolver a assembléia e todos iam para suas casas ao mesmo tempo, assim ninguém falava de ninguém.   Com o advento do profeta, por ser  um ano eleitoral , Bomconcity se agitou, pois  todos tinham conhecimento do seu dom de prever o futuro ou pelo menos tentar, então muitos decidiram que ao invés de confiar nas previsões vindas do pau do urubu,  seria melhor  tirar as dúvidas com o profeta, por ser uma pessoa especializada em assuntos de visões futurísticas, daí por diante caravanas se formavam para subir até as cavernas do bulandinho na tentativa de fazer uma consultinha naquele precinho, 0-800 (zero oitocentos), com o famoso gurú, que ao se refugiar naquele lugar, tão isolado e distante da civilização, sonhava com um pouco de paz e sossêgo, mais quando deu por conta que todos já tinham conhecimento da sua presença , Seu brado ecoava  nos quatro cantos: “é o fim do mundo!”

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