O resfolegar de um fole, o tinido de um triangulo e a batida seca
de uma zabumba misturando sons em uma sala de reboco , onde homens e mulheres arrastavam suas
chinelas e alpercatas de couro em um chão batido, era o prenuncio da fartura de
milho e feijão nas zonas rurais desse imenso Nordeste. Foi mais ou menos assim
que nasceram os memoráveis festejos juninos comemorados em cada recanto dessa
região. Pra tornar-se um evento de muita musicalidade, é que um Rei Pernambucano,
se perpetuou em seu reinado ao trazer para os palcos o forró pé de serra,
bandeira forte em defesa da nossa cultura, estamos falando naturalmente do rei
do Baião, Luiz Gonzaga. Os festejos Juninos a cada ano toma dimensões enormes,
e com isso a descaracterização é incontestável, em um certo período, o forró pé
de serra começou a ser banido dos palcos juninos pelo modismo das bandas de
forró e o seu forró estilizado. Hoje as bandas de forró tomaram do próprio
veneno e assistem pacificamente a invasão de duplas que se denominam sertanejas
ou universitárias ou ainda pelas cantoras de arrocha. Artistas descendentes do
rei do baião que cantam o legitimo forró que representam o são João da nossa
terra estão sendo substituídos por atrações que em nada acrescentam a nossa
cultura, e com isso estamos criando uma geração de pessoas que sem querer vão
sendo consumidas pela cultura inútil embaladas em canções que apregoam a
prostituição e o alcoolismo, Frases como “quando olhei a terra ardendo, qual
fogueira de são João, estão sendo trocadas por baixarias do tipo “rapariga não
, rapariga não...”, “e Eu infiel, eu quero ver Você morar num motel...” , e
outras perolas que não valem a pena citar. Mesmo sofrendo essas agressões a
cultura nordestina se mantem viva, e por mais que alguém queira descaracterizar
o são João , é impossível falar nesse festejo sem que se fale em Luiz Gonzaga
uma sanfona, um triangulo e uma zabumba. Viva o forró genuinamente nordestino e
viva o Santo Antônio , são Pedro e São João.